Mandei um original e ninguém responde!
“Laura, mandei um original há meses e não obtive nenhuma resposta!”
O trato com as editoras comerciais sem dúvida põe à prova a calma de qualquer escritor. Se você telefona, muitas vezes ninguém atende, ou responde, ou sabe de coisa alguma.
Uma resposta pode demorar meses e transformar-se em recusa sem mais explicações. O original muitas vezes é perdido, e você não consegue que ninguém conte o que aconteceu.
O que você não imagina é que toda essa frustração e raiva tem sua contraparte dentro da editora.
Vou explicar como funciona a avaliação de originais em nosso país, para tentar sensibilizar você para uma situação absurda.
A enorme maioria das pessoas que envia obras às editoras não têm a menor idéia do que está fazendo
Uma quantidade imensa das obras que chegam têm péssimo português, são completamente sem nexo, sem público, sem qualquer chance de ser publicadas. Algumas são até manuscritas!
Nove entre dez autores iniciantes não se dão ao trabalho de verificar o tipo de obra que a editora publica
Não é raro uma editora de sociologia e história receber manuais de cardiologia, e editoras médicas receberem poesia.
Todas as editoras, aliás, recebem poesia, milhares de originais, não importando se jamais tenham publicado um único poeta em sua existência.
Chegam também originais de pessoas contando suas vidas sem qualquer charme, sem qualquer domínio de técnica estilística, sem qualquer idéia do que seja um livro.
Tem gente que até diz não gostar de ler mas ter escrito um livro!
Essa avalanche de originais péssimos e amadorísticos deixa os profissionais que trabalham nas editoras, compreensivelmente, bem pouco entusiasmados com novos autores.
Tanto que em geral a tarefa da primeira seleção recai sobre estagiários e é vista quase como um castigo dentro dos departamentos editoriais.
Apenas uma parcela mínima passa para a avaliação de editores graduados.
É prova do otimismo das editoras fazerem qualquer tipo de seleção das obras espontaneamente apresentadas, uma vez que as chances de encontrar algo de qualidade e adequado à linha de publicações da casa é mínima.
Portanto, não se espante se o tratamento dado a você não for espetacular
O assistente do assistente editorial que atende você tem pilhas e pilhas de papel à frente e não tem como lembrar dos nomes de quem envia material de todos os cantos do Brasil.
O truque é se apresentar da maneira mais profissional possível, para se diferenciar da grande massa de completos diletantes, e adotar a atitude correta.
Basicamente, você não tem o direito de pressionar a editora
Publicar a sua obra é um risco financeiro alto, que a editora assume se quiser. Evite sempre se irritar ou colocar quem atende você contra a parede.
E se você enviou sua obra há seis meses sem obter resposta pode, como regra geral, considerá-la recusada.
Luciano
18 de janeiro de 2016 @ 00:22
Confesso que me encontro na posição de aspirante à escritor e meus estudos estão se aprofundando cada vez mais (me refiro às técnicas literárias e a cada elemento que o compõe).. a minha dúvida reside no limiar entre: estar pronto para publicação (e iniciar todo o processo que envolve essa publicação) e o não-estar pronto para o mercado editorial. Como uma resposta tarda em vir (fora o risco de não vir resposta alguma), é considerado um absurdo eu enviar digamos 5 capítulos iniciais e; no caso de resposta positiva, você acusa um work-in-progress; caso negativa, você volta para a prancheta ou inicia outro projeto? – Digo isso porque se dedicar 1 ano (e mais) numa narrativa longa e não atingir o que seria ‘bom o suficiente’ para publicação; seria de maior valia voltar a estudar alguns aspectos literários, escrever contos para ganhar confiança, experiência, desenvolver estilo, etc etc… Sendo que esse ‘bom o suficiente’ se deve justamente por inexperiência mercadológica. Se um editor me falasse ‘você não é bom o suficiente’ eu voltaria para os fundamentos, estudos, contos… até desenvolver os aspectos que pudessem me considerar ‘pronto’ para tentar uma publicação. Como é visto esse envio de capítulos iniciais? amadorismo, insegurança… e Obrigado pelas considerações.
Laura Bacellar
22 de janeiro de 2016 @ 14:37
olá Luciano,
olhe, aqui no Brasil as editoras não costumam analisar originais incompletos, pelo menos não de autores que não conheçam bem. Isso porque muita gente desiste do projeto pelo meio, muda, etc.
Acho que vc tem que seguir seu instinto. Se a vontade de escrever for grande, vá até o fim. Se ficar tendo dúvidas, invista em textos mais curtos e jogue na rede para ver o que acontece.
As editoras em geral não analisam qualidade, ou pelo menos não só. Elas analisam pertinência, relevância para o público. Portanto, o lance é fazer o que vc sentir que mais importa, mais atinge o leitor, seja de que qualidade for.
um abraço,
Laura
Luciano
27 de janeiro de 2016 @ 09:56
Obrigado.
Gizele
26 de agosto de 2016 @ 10:55
Oi Laura
Escrevi um livro infanto juvenil e mandei para uma editora, sem sucesso.
Não sei como devo agir, devo mandar ilustrar e publicar por conta própria?
Devo criar um canal na internet?
Laura Bacellar
27 de agosto de 2016 @ 10:17
A atitude profissional seria:
1. avaliar se vc mandou para a editora certa;
2. enviar para mais editoras possíveis, na mesma frequência do seu original;
3. caso continuasse nas negativas, tentar entender por que o original teria sido recusado — problema de qualidade? de adequação ao público? falta de diferencial?
4. fazer algo a respeito, reescrevendo ou readequando o original;
5. tentar novamente as editoras;
6. caso continuasse nas negativas, aí pensar em alternativas como publicar por conta própria, lembrando que nesse caso TODA A DIVULGAÇÃO E VENDA TERÁ QUE SER FEITA POR VOCÊ MESMA.
Lennon Rabi
17 de fevereiro de 2016 @ 17:57
Olá,acompanho a algum tempo o blog e tenho procurado saber mais sobre os envios de originais.
Li em alguns lugares sobre este mesmo assunto,mas ainda tenho a dúvida sobre enviar o meu original pra várias editoras.
penso em enviar para 3 inicialmente,caso seja recusado enviarei para outras 3.Acredito que posso ser publicado por uma grande ( vamos descobrir na prática,não é mesmo?) e receio que não saberei lidar bem caso mais de uma editora me escolher.
O que devo fazer? Escolher a que me oferecer o melhor contrato ou só verei o contrato se aceitar,daí teria de escolher por compatibilidade e poderia abrir mão de um bom contrato por um ruim. Peço que me ajude e obrigado por todos os outros concelhos do blog.
Sidney Guerra
17 de fevereiro de 2016 @ 19:20
olá Lennon,
a melhor dica que posso dar é:
1. assista nossos videos… a Laura fala muito sobre como encontrar editoras que não cobram.
2. sugiro o curso Como encontrar uma editora, também da Laura, que te ensina a seguir os passos corretos para entender o mercado e proceder da melhor forma para aumentar suas chances de ser publicado.
Roberta
3 de junho de 2016 @ 03:26
Tenho uma dúvida que me atormenta há um tempo e que, por conseguinte, me impede de decidir sobre qual caminho devo tomar. O fato de eu escrever um romance e publica-lo em plataformas da Web – como o Wattpad, por exemplo –, sendo escritora desconhecida e principiante, afinal de contas, atrapalha ou ajuda na hora de eu apresentar esse mesmo livro a uma editora? Já li várias teorias sobre o assunto, inclusive nas próprias palavras das editoras. Muitas exigem exclusividade etc. Tenho medo de resolver disponibilizar meu original e isso for prejudicial futuramente. Mas também, há o fato de eu prezar por um público razoável, alguma base que me serviria de carta de apresentação, como quem diz: “Hey, vejam como as pessoas já me conhecem. Talvez investir nos meus livros seja um bom negócio…” Vi que isso aconteceu com alguns escritores, e confesso que me sinto tentada a fazer o mesmo, porém sempre aparece aquela pulga incômoda atrás da orelha. É uma verdadeira incógnita!
Enfim. Sei que esta postagem é mais antiga, mas, ainda assim, torço muito por uma resposta. Ah, por falar nisso, admiro muito o trabalho de vocês dois! Certamente que têm ideia da ajuda que fornecem aos necessitados, entretanto não posso deixar de transparecer meu contentamento!
Laura Bacellar
3 de junho de 2016 @ 13:27
Roberta, tudo depende. Se vc tiver muitos, e isso significa milhares e milhares, de downloads, as editoras vão se interessar por vc mesmo sua obra existindo na internet, vc só vai ter que tirá-la do ar se assinar um contrato. Se não tiver downloads, não é a questão de ter seu livro numa plataforma virtual que vai ser problema, mas sim o fato de não ter leitores, compreende? Portanto, se colocar no wattpad, faça uma campanha insistente para divulgar sua obra.
Roberta
3 de junho de 2016 @ 15:36
Acho que entendi a lógica. O importante é que eu realmente tenha um público expressivo para me “promover” como escritora, podendo tornar meu nome mais conhecido e chamar a atenção da editora. Confesso que saber disso me deixa bem mais tranquila! Obrigada, Laura.
Tainá Carvalho
19 de setembro de 2016 @ 05:29
Olá!
Estou iniciando um projeto de um livro e tenho algumas dúvidas sobre o processo de publicação. Não tinha nenhuma noção sobre esse processo então pesquisei um pouco e o site de vocês é bastante esclarecedor. Agora as duvidas são: quando eu preciso fazer revisão? De quanto em quanto tempo? Ou só no final do livro? Como funciona a questão de mandar o livro por e-mail? Isso é seguro? Ou devo mandar o material fisico? Vocês tem sugestões de editoras que tenham abertura para iniciantes? Pretendo fazer a consulta com vocês, vocês também fazem contato com editoras caso o livro seja atrativo?
Laura
20 de setembro de 2016 @ 13:31
Faça revisão no final, quando considerar seu original pronto. Pode mandar paras análise por email, ninguém vai plagiar. Se plagiar vc processa e ganha dinheiro, basta provar que o original é seu. Para a editora não vale a pena correr esse risco.
Eu não procuro editoras para autores, mas há gente que faz listas e montei um curso para quem deseja achar as editoras certas e mandar uma boa carta de apresentação ou sinopse. Veja aqui no site, se interessar.
um abraço e boa sorte.
Wagner Moraes
13 de outubro de 2016 @ 12:18
Olá,
Obrigado pelas informações e dicas. Estou pensando em escrever um livro, tlavés um E-book.
E essas dicas dadas no Blog, tem me ajudado bastante!
Abraço.
Cláudio
19 de janeiro de 2017 @ 23:39
Olha, dizem que no Brasil não tem espaço para escritores, mas eu desafio qualquer um a me dizer qual profissão no mundo que muitos se destacam… A Cabana, só no brasil vendeu 3 milhões de exemplares… Livros bons vendem; escritores bons conseguem ganhar o mercado e se destacam pela sua qualidade. O problema é que a maioria não tem tino pra escritor e, por isso, falam que não tem espaço no mercado. Escritor não se faz ele nasce. Claro que uma boa primeira propaganda ajuda, muito; mas por outro lado, a melhor propaganda é aquela de boca em boca. A melhor fonte para quem quer escrever um bom livro é o mundo espiritual; eu sempre peço ao meu anjo para me inspirar e dá certo.
mariane
29 de maio de 2017 @ 08:39
Gostaria de saber sobre envio do manuscrito para as editora. Devo enviar o livro completo? O que é melhor, enviar por email ou impresso?
Laura Bacellar
29 de maio de 2017 @ 09:48
Cheque no site da editora se há instruções. Se houver, siga à risca. Se não houver, mande seu original inteiro, impresso.
Nilda Rosa de Oliveira
28 de janeiro de 2019 @ 22:17
Oi! Tenho dois livros escritos, mas não sei como proceder. As editoras que não cobram, corrigem os erros ortográficos, etc? Ou eu mesma tenho que me encarregar disso?
Outra pergunta:
Não cobram nada mesmo?
Laura Bacellar
29 de janeiro de 2019 @ 10:44
oi Nilda,
por favor observe que as editoras que não cobram precisam gostar de sua obra, achá-la com bom apelo para seu público. Sim, caso isso aconteça elas mandarão o original para revisão, mas se o texto estiver muito cheio de erros isso pode desestimular que seleciona a ler, entende?
Ou seja, se estiver com muitos erros ortográficos e gramaticais, mande corrigir.
Luciene Farias
5 de março de 2020 @ 09:54
Excelente dia!
Acabei de terminar o meu original, e estou perdida, não consigo encontrar um profissional que me ajude na correção do meu livro. Quero estar enviando para as editoras, mas antes, a correção é fundamental. Me sinto sem apoio. O difícil não é escrever, o difícil é o depois.
Laura Bacellar
5 de março de 2020 @ 16:52
procure um revisor, Luciene. Há muitos que se anunciam pela internet, por exemplo o Ricardo Ondir.
Joao Elder
24 de fevereiro de 2023 @ 03:32
Um embrião se formou dentro de mim e se exprimiu quando eu menos esperava. Foi um trabalho árduo e impiedoso e ambiguamente belo. Vive por um tempo achando que deveria escrever para as editoras, e me esquecia de que um bom livro se faz pela sinceridade interna do autor. Li como nunca antes, ouvi discos, achei uma ideia que até este momento, nunca vi ninguém vaguear. Tentei deixar o mais autêntico possível —sabendo que nada há de novo debaixo do sol — misturei os gêneros. A pergunta que faço, depois dos amostramentos, é: 1. Mandei o original para a editora correta. Mas apenas 38 páginas, acha que eles podem julgar de antemão? 2. Confio no livro, mas temo que não entendam o que quis dizer. Não que seja complicado, mas foi tão difícil exprimi-lo que se tornou mais difícil ainda resumi-lo. Portanto não sei se mandei bem na sinopse, sendo isso o que eles leem primeiro. Como resumir mais algo sendo o livro o próprio resumo?
Laura Bacellar
24 de fevereiro de 2023 @ 09:47
João, mande para várias editoras, não apenas uma. Faça sim uma sinopse, ainda que a obra seja curta. Explique quem é o protagonista, qual o problema que ele enfrenta, onde e quando a história se passa, qual o desfecho.