5 exercícios e dicas para você escrever melhor
Como escrever melhor? A melhor prática para um escritor é simplesmente parar e escrever.
Este é o momento no qual você reunirá toda a teoria que você aprendeu em livros e cursos de escrita e tentará encontrar as suas próprias soluções diante dos obstáculos inevitáveis que surgirão ao longo da criação de suas histórias.
Uma excelente maneira para se antecipar e se preparar para isto é através de alguns exercícios literários que estimularão a sua criatividade e desafiarão você a pensar fora do óbvio.
Abaixo, eu lhe darei 5 exemplos de exercícios de escrita que ajudarão com que você possa escrever melhor e levar o seu talento literário a outro patamar.
1 – Relembrando o passado, ou “as minhas férias”
Você já deve ter visto isto na escola, quando, após as férias, a sua professora de português pedia aos alunos para escreverem uma redação com o tema “minhas férias”.
Por que isso?
Porque ninguém melhor do que nós mesmos para falarmos das nossas próprias experiências e sentimentos.
Embora a escrita de ficção dependa muito da nossa imaginação e da nossa capacidade até de fugir da realidade e conceber mundos totalmente diferentes do nosso, mesmo nestes casos, a base de tudo que escrevermos sempre será aquilo que vivemos, as nossas experiências e os nossos interesses.
Portanto, um dos primeiros exercícios de escrita é relembrar algum evento marcante, feliz ou traumático, da sua própria vida e fazer disto uma história.
Escreva um conto, que pode ser muito próximo da realidade ou simplesmente inspirado nela, relatando as suas impressões, recordações e lembranças deste evento.
O que você viu, ouviu, sentiu, ou pensou?
Revisite o seu passado próximo ou distante e faça disto matéria literária.
Se você parar para observar, logo identificará como muitos clássicos literários são autores remoendo suas histórias pessoais, de períodos nos quais foram pobres, tristes ou atravessando tremendas dificuldades.
É o caso de Charles Dickens e de Ernest Hemingway, portanto, a sua memória pode ser uma fonte inesgotável de histórias.
2 – Escrever melhor aprimorando as descrições
Os escritores são, acima de tudo, excepcionais observadores da realidade. Para desenvolver esta qualidade, você precisa prestar atenção a tudo que ocorre à sua volta.
Você já deve ter se maravilhado com a precisão das descrições em algum livro que você leu, como o escritor foi capaz de apresentar detalhes surpreendentes sobre comportamentos, pessoas ou locais. Madame Bovary de Gustave Flaubert é um ótimo exemplo disto.
Para isto, você precisa exercitar o olhar: sentar-se em um banco de praça, cafeteria ou restaurante com um bloquinho na mão e anotar tudo que estiver vendo e ouvindo, os odores, os sabores, as texturas.
É surpreendente quanta informação você pode obter ao passar meia hora dentro de um ônibus simplesmente olhando à sua volta e observando os detalhes.
Depois, ao chegar em casa, reúna todas estas informações e pense numa história onde elas possam estar presentes.
Mas resista a tentação de inserir nela tudo que você anotou. Uma das grandes qualidades dos escritores é a capacidade de saber filtrar o que merece ser contado e aquilo de deve ser ocultado.
3 – Diálogos verossímeis, ou pondo na boca dos personagens aquilo que devem dizer
Talvez uma das maiores dificuldades dos escritores, tanto de iniciantes quanto de experientes, é na hora de escrever diálogos verossímeis e convincentes.
Por um lado, porque há a tentação de florear demais e produzir diálogos artificiais, de um modo estranho e que não veríamos em nenhuma conversa normal.
Por outro, de apelar demasiadamente para a oralidade e para cacoetes linguísticos que até possuem alguma função na fala cotidiana, mas que são desnecessários e desagradáveis na escrita.
Por isto, é essencial saber dosar o literário com a oralidade para conseguir obter diálogos que tragam informação, revelem os personagens e movam a trama adiante.
Um bom exercício para desenvolver diálogos é ouvir e anotar as conversas que você ouve nas ruas, mas também prestar bastante atenção aos diálogos em filmes e peças de teatro.
Como eles se desenvolvem? Soam naturais ou artificiais? Movem a história adiante ou só estão enchendo linguiça?
Você precisa criar um ouvido para diálogos e, depois, tentar desenvolver um conto composto exclusivamente de diálogos.
Será que você consegue?
4 – Criando personagens
Há várias técnicas para conceber e desenvolver personagens, mas uma bastante usada por escritores no mundo inteiro é de compô-los inspirando-se em pessoas reais.
No entanto, é um pouco chato se você pegar uma pessoa que existe e conhece e transformá-la inteirinha num personagem, então você pode usar um método composto.
Você pode usar as características físicas de uma tia, mas as falas da sua mãe e o comportamento de uma colega da universidade.
Deste modo, você cria uma pessoa completamente nova, fictícia, mas que traz atributos de pessoas reais e, portanto, que lhe ajudarão a trazer mais realismo para a sua história.
É claro que características suas sempre estarão presentes em todos os seus momentos. Eu acredito que sempre deixamos as nossas impressões digitais no que escrevemos.
O exercício que proponho é que você conceba um personagem com atributos de quatro pessoas que conhece. Misture estes atributos e escreva um conto com este personagem.
5 – Utilize um tema como inspiração
Este é um recurso para escrever melhor que tenho utilizado há mais de 10 anos nas minhas oficinas literárias: propor um tema e escrever um texto a partir disto.
O tema pode ser qualquer coisa; qualquer coisa mesmo. Uma fotografia, uma canção, uma palavra, uma ideia, um conceito, uma frase, qualquer coisa. Basta você pensar em algo, e escrever sem parar.
Isto funciona bem com prazos. Proponha-se um tema e um tempo máximo, digamos de uma ou duas semanas, para produzir um texto. É extremamente eficaz e cria a disciplina para a escrita.
Se você fizer isto durante um ano, no final deste período terá um livro de contos.
Os exercícios de escrita contribuem muito para desenvolver a familiaridade com certas técnicas e recursos literários, mas, acima de tudo, são excelentes para forçar você a desenvolver a disciplina necessária para concluir seus textos.
Se tiver interesse em conhecer mais técnicas e exercícios, eu convido você a descobrir o Curso de Escrita Criativa – Escreva Seu Livro, no qual você entrará em contato com os fundamentos e técnicas essenciais para ajudar você a escrever melhor e desenvolver seus projetos literários do começo ao fim.
Aguardamos você por lá.
Teresinha Augusta
6 de agosto de 2017 @ 07:03
Muito didático e curto, sem muitas delegas! Mas, estou precisando de dicas para escrever minha autobiografia.
Sidney Guerra
6 de agosto de 2017 @ 09:14
Olá Teresinha, veja este link por favor: http://www.escrevaseulivro.com.br/inscricao-curso-comecar-escrever-seu-livro/
Vania
6 de agosto de 2017 @ 11:36
É como se eu pegasse uma história vivida por mim ou outra pessoa próxima e mudasse o rumo dos acontecimentos. Desse um final feliz ou trágico, incluísse ou removesse personagens. Vai um pouco por aí, não é? Ótimo post! Bastante esclarecedor! Obrigada!
Pedro Dias
16 de agosto de 2017 @ 15:58
Ótimas e simples dicas! 🙂
Rodrigo Cabello da Silva
26 de julho de 2019 @ 11:54
Interessante. Um questionamento: Em meio a tanta tecnologia acredita que estaríamos próximo do fim do livro físico?
Laura Bacellar
29 de julho de 2019 @ 10:53
olá Rodrigo,
ainda não. Livros digitais e audiolivros estão caminhando, mas a praticidade do livro impresso permanece.
Karine Geraldeli
30 de dezembro de 2020 @ 20:01
Muito esclarecedor, mas, preciso de ajuda na questão “cortes”. Muitas vezes acho que estou escrevendo direto mas quando me deparo, a história está cortada, como se eu desse uma pausa, ou como se eu tivesse esquecido de dà-la. Alguma dica a respeito? Desde já, muito obrigada!
Laura Bacellar
15 de janeiro de 2021 @ 10:13
Seu pensamento é mais rápido que sua mão. Volte lá e preencha, com calma. Tem escritor que escreve demais e depois corta, tem escritor que escreve de menos e depois preenche…