Como escrever uma sinopse e um resumo
Sinopse é o resumo da obra que autores enviam a editoras para avaliação. Há um pouco de confusão a respeito porque a palavra tem o mesmo significado que “resumo”, e algumas editoras pedem os dois na área de submissão de originais em seus sites.
E como escrever uma boa sinopse?
Sinopse pode ser entendida como o resumo que conta inclusive o final, dá uma ideia da história inteira, sem deixar nada escondido. É para que o editor que faz a triagem entenda do que se trata de maneira muito rápida, não deve ter mais que um parágrafo.
Já o resumo é o texto que você escreve pensando nos leitores, ou seja, um texto que conte algo da história mas não as surpresas nem o final. É o texto que em geral você coloca na quarta capa do livro físico ou para descrever o livro na Amazon.
Elementos de uma sinopse
Para escrever uma boa sinopse você deve incluir:
- uma descrição da personagem principal
- o conflito que essa personagem enfrenta
- os aliados (se houver)
- os adversários, inimigos ou obstáculos
- o que a trama tem de surpreendente
- época e local da história
Escreva sua sinopse de maneira específica!
Cite detalhes relevantes para que leitores sintam empatia – moça de 20 anos no primeiro emprego, rapaz que deseja ser cantor sertanejo, homem que enfrenta a separação depois de 18 anos casado, por exemplo.
Esses detalhes não devem ser interpretados mas sim apresentados. Não escreva “Ana Luísa descobre o verdadeiro valor da amizade”, prefira “Ana Luísa conversa dia e noite com sua amiga Marina”.
Não escreva em sua sinopse algo como “Simão passa por vários comportamentos perturbadores que se apresentam testes de resistência para sua família”, opte por frases vívidas como “Simão bebe cachaça todos os dias e, quando não apaga, agride a mulher com socos e pontapés”.
Evite adjetivos autoelogiosos. Não diga que seu livro é “imperdível”, “necessário” ou “maravilhoso”. Não use adjetivos em sua sinopse se puder evitar!
Não diga o que o leitor vai sentir. Não escreva “você vai descobrir o verdadeiro sentido da vida” ou “você não vai conseguir largar este livro” ou “depois dessa leitura você vai ser outra pessoa”.
Clichês generalizantes são letais, fuja de “sentido da vida”, “valor da família”, “poder do amor” e similares.
Descreva a situação específica, aquilo que sua história aborda, com começo, meio e fim. Não mencione as subtramas, atenha-se ao principal. Se houver algum diferencial – protagonista diferente da média, época pouco relatada em ficção, fatos reais ou qualquer característica que a sua obra tenha diferente da maioria das outras no mesmo gênero – mencione.
Não descreva a forma como você montou a história. Não diga que usou um estilo x ou que apresenta as cenas fora de sequência cronológica ou que a narrativa mistura sátira e política. Se o editor se interessar pela história vai ler os originais e julgar por si mesmo os seus artifícios.
Elementos de um resumo ou quarta capa
Um texto dirigido aos leitores tem as mesmas características que uma boa sinopse mas não conta o final. Precisa também ser sintético, específico e sem adjetivos. Respeitar os leitores deixando que cheguem às suas próprias conclusões, sem dizer o que vão sentir ou entender.
No caso do resumo, é interessante ainda fazer uma promessa, indicar quais prazeres a leitura pode trazer.
Veja o exemplo do livro Surpreendente, de Maurício Gomyde:
Aos 25 anos, recém-formado, Pedro está convencido de que é um sujeito muito especial, que tem a missão de usar o cinema como instrumento para melhorar o mundo. Diagnosticado na adolescência com uma doença degenerativa que o condenaria à cegueira, ele contraria a lógica da medicina quando a perda de sua visão estaciona de forma inexplicável. Enquanto comanda o último cineclube de São Paulo e trabalha em uma videolocadora da periferia, Pedro planeja seu próximo filme, a obra que vai consagrá-lo. E, para animar as coisas, conhece a intrigante Cristal, uma ruivinha decidida, garçonete e estudante de física nuclear, que mexe com seu coração.
A perspectiva idealista de Pedro, porém, sofre sérios abalos. Atormentado por um segredo, ele parte com os amigos Fit, Mayla e Cristal numa longa viagem até Pirenópolis, em Goiás, a bordo de um Opala envenenado. Com câmeras nas mãos e espírito de aventura, a equipe técnica improvisada está disposta a usar toda a sua criatividade na filmagem feita na estrada ao sabor de encontros inesperados e de sentimentos imprevisíveis. E o jovem cineasta descobre que, quando o destino foge do script, nada supera o apoio de grandes amigos.
Há a descrição do protagonista, sua situação e várias promessas: um possível romance durante a viagem, algo relativo à doença que estacionou, muitos encontros com pessoas no caminho. Na minha opinião, é um bom resumo.
Veja um outro exemplo, o livro Tudo nela brilha e queima, de Ryane Leão
Livro de estreia de Ryane Leão, mulher negra, poeta e professora, criadora do projeto onde jazz meu coração, com mais de 150 mil seguidores nas redes. “a poesia é minha chance de ser eu mesma diante de um mundo que tanto me silencia.
é minha vez de ser crua. minha arma de combate. nossa voz ecoada. nossa dor transformada. nela eu falo sobre amor, desapego, rotina, as cidades que nos atravessam, os socos no estômago que a vida dá, o coração desenfreado, a pulsação que guia as estradas, os recomeços, os dias, as noites, as madrugadas, os fins, os jeitos que a gente dá, as transições, os discos, os tropeços, as partidas, as contrapartidas, os pés firmes que insistem em voar, e tudo isso que é maluco e lindo e nos faz ser quem somos.”
Parece-me também bastante eficiente porque indica o diferencial – no caso da autora – e pela lista de assuntos mostra tanto o que ela aborda como seu estilo.
Já este resumo para o livro A contrapartida, de Uranio Bonoldi, eu não achei muito bom:
“O que poucas pessoas têm em mente é que Cultura, no sentido mais amplo da palavra, não se restringe apenas ao entretenimento. O objetivo maior e primeiro da Cultura é nos transformar em pessoas melhores, agregando novos conhecimentos e percepções sobre nós mesmos, os outros e o entorno em que vivemos – é isso que A Contrapartida faz. A sua leitura nos proporciona uma série de profundas e valiosas reflexões sem, contudo, deixar o entretenimento e o suspense de lado. Com relação ao suspense, gostaria de fazer uma breve analogia com o mundo do cinema para ser mais claro em minha exposição. Um bom thriller é aquele que nos causa ansiedade para ver a próxima cena e nele os acontecimentos não são óbvios e declarados. Enfim, é o que aconteceu comigo quando li A Contrapartida – eu queria saber o que estava para acontecer na próxima página, de modo a poder ligar os fatos apresentados no livro e ter as respostas às perguntas que a leitura indiretamente me fazia. Inevitavelmente, a leitura do livro me remeteu à Hollywood. Quando nos referimos a thrillers, logo vem à mente o nome de Alfred Hitchcock, cuja genialidade se encontrava em entender profundamente a psiquê do ser humano e em criar um estado emocional tão intenso no público, que seus filmes se transformavam imediatamente em sucesso. Essa mesma genialidade foi reproduzida aqui neste livro. O autor conseguiu criar caminhos mentais de condução de nós, leitores, em um mundo imaginativo de suspense e mistério dignos de um grande blockbuster.” Lion Andreassa – produtor e diretor de cinema da Lumix Art Films
Lion, que talvez seja amigo do autor, promete que a história lembra Hitchcock, mais nada. Não é específico, não há uma imagem ou protagonista que fiquem na memória ou convidem à leitura.
Adeildes barbosa de oliveira
24 de abril de 2019 @ 12:17
gostei das dicas de como escrever um livro. Escrever o meu em breve
Leny Alves Silva
11 de outubro de 2020 @ 22:50
Como faço para publicar meu livro em uma editora nacional?
Leny Alves Silva
11 de outubro de 2020 @ 22:52
Como faço para publicar meu livro em uma editora nacional?
Leny Alves Silva