Boas maneiras no meio editorial
Se você acessou este site, imagino que deseje que sua obra seja publicada em forma de livro. Se é este o caso, por favor leia o conteúdo que ofereço aqui gratuitamente, na simples esperança de que mais autores brasileiros consigam encontrar uma editora para suas obras.
Tem quase um livro inteiro de instruções nos links à esquerda, inclusive de como encontrar uma editora sem pagar nada.
A moça aí ao lado em noite de autógrafos é apenas um exemplo entre centenas de autores publicados.
E siga também, por favor, as instruções simples abaixo, que alguns anos atrás seriam desnecessárias por obviedade, mas na atual cultura de rapidez e preguiça tornaram-se essenciais.
Leia antes de perguntar
Editores são profissionais que trabalham com a escrita. Assim, na grande maioria dos casos, o que está lá dito no site da editora é muito exato e pensado, não brotou lá por acaso nem foi copiado de outro lugar.
Se uma editora se dá ao trabalho de expor sua linha editorial, explicar os objetivos de seu catálogo, às vezes até explicitar que tipo de obra ou autor procura, dê-se ao trabalho de ler!
Você não deseja ter sua obra publicada? Então invista tempo e atenção em descobrir o que as editoras querem e quem elas são, oras. Perguntar sobre algo que já está escrito no site indica ao editor que você é desatento ou fraco das ideias, qualidades pouco desejáveis num futuro autor.
Meus colegas editores costumam ser ainda menos pacientes do que eu com perguntas idióticas – toda pergunta que já está respondida no site da editora é idiótica – e simplesmente deletar os emails inquiridores.
Metade da razão pela qual os novos autores são mal tratados pelos editores é a forma descuidada com que os ditos autores se dirigem às casas editoriais. Distinga-se da enorme maioria de autores que procuram publicação ao prestar atenção ao que a editora diz de si mesma e de suas obras.
Não queira a sua conveniência
Eu fico sempre espantada quando novos autores, super desejosos de serem aceitos para publicação, ainda assim desobedecem as instruções das editoras para apresentação de originais.
Se a editora pede originais impressos e encadernados, obedeça! Não mande sua obra por email que ela será deletada sem maiores cerimônias. Os editores pedem isso por boas razões, como a de facilitar a leitura e a troca de informações entre pareceristas.
Se a editora pede um resumo a ser cadastrado online, obedeça! Não envie a obra inteira ou um pedaço do primeiro capítulo porque você tem preguiça de fazer o tal resumo.
Se a editora pede um arquivo de sua obra inteira, mais uma vez obedeça! Essa histeria de achar que você vai ser plagiado é ridícula, para um editor é mais barato eventualmente publicar a obra de um autor nacional desconhecido (portanto sem adiantamentos ou luxos) do que se arriscar a pagar um processo por plágio.
O editor pensa mais ou menos isso do autor que não segue as instruções: se você não investe tempo (para ler ou fazer um resumo ou o que quer que a editora peça) ou a pequena quantia em dinheiro (para fotocopiar e enviar sua obra pelo correio), como você quer que o editor invista bem mais tempo em analisá-la e infinitamente mais dinheiro em publicá-la?
Percebe o absurdo? Se você acha que sua obra não vale o esforço de impressão, por exemplo, o editor está mais do que desculpado em achar que ela não vale o esforço de sua leitura profissional.
Cada editora tem lá seu modo de avaliar obras espontâneas, se você quer ter alguma chance de sua obra ser lida e considerada, respeite as maneiras de trabalhar das casas editoriais. O interesse é seu, não delas.
Não faça exigências
Eu já expliquei mas repito aqui para você ter uma noção de onde se encaixa no processo: um editor, qualquer um, de qualquer área, tem muitos mais originais e obras publicáveis à sua disposição do que tempo e dinheiro para publicá-las.
O editor tem acesso a livros estrangeiros do mundo inteiro, a obras esgotadas que podem ser renegociadas, a obras de autores nacionais conhecidos e finalmente a obras de autores nacionais desconhecidos, a categoria onde você se encaixa. É um mundo de obras, milhares e milhares de possibilidades.
A sua obra tem chance (sim, caso apresente qualidade e seja pertinente tem chance), mas qualquer deslize de sua parte pode fazer com que a decisão vá contra a sua publicação.
É como prestar vestibular na Fuvest, se você chega atrasado, não há ladainha que convença o fiscal a deixar que entre na sala de exame, mesmo que você seja o próximo Einstein. São tantos os candidatos para cada vaga que os que chegaram na hora com certeza serão suficientes para preenchê-las.
Assim, assuma a atitude correta para ser eventualmente aceito: preste atenção na editora, leia tudo o que ela diz, siga as instruções e não queira que o seu conforto valha mais do que a conveniência da editora.