Aumente as chances de ter seu livro publicado
90% dos originais que chegam às editoras brasileiras são recusados após uma leitura de menos de cinco segundos, apesar de a resposta poder demorar meses para chegar ao autor.
Este exame, feito em geral não pelo editor, como se supõe, mas por qualquer estagiário de produção editorial, simplesmente separa da pilha de originais enviados espontaneamente (ou seja, que não foram encomendados ou indicados) aqueles que não têm nada a ver com a linha editorial da casa.
Você pode mudar as chances de seu original se entender melhor como as editoras funcionam.
Linha editorial
Linha editorial não é apenas uma boa desculpa para os editores recusarem a excelente autobiografia de uma ilustre desconhecida. Ao contrário, é a diretriz que norteia a maioria das decisões de uma editora bem-sucedida.
O campo dos conhecimentos humanos e assuntos que podem virar livro – de culinária a romances esotéricos – é vastíssimo. Uma editora que pretenda tornar seus livros conhecidos (para vendê-los) precisa escolher uma faixa desse campo e nele atuar de maneira constante. Esta é justamente a sua linha editorial.
Assim, dificilmente se verá uma editora de compêndios de medicina publicando manuais de auto-ajuda, não importa por quem sejam escritos. Toda a sua estrutura de vendas e marketing estará voltada para convencer médicos, estudantes e professores de medicina que seus livros são bons e confiáveis. Mesmo que doutores consumam auto-ajuda, não têm o hábito de consultar o catálogo de sua editora técnica para encontrar seu passatempo de fim de semana.
Uma editora pode ter mais de um assunto em sua linha editorial, como por exemplo história e filosofia, ou romances estrangeiros e esportes. Não cabe a você julgar ou tentar convencer uma editora a se adaptar à sua obra, porém pesquisar quem no mercado já está produzindo livros similares.
Defina o gênero
Seu primeiro passo, portanto, é descobrir em que gênero a sua própria obra se encaixa. Trata-se de ficção (literatura, contos, romance água com açúcar) ou não-ficção (sociologia, direito, marketing)? Dirige-se a um público infantil, juvenil ou adulto? Pressupõe conhecimentos técnicos na área ou é para consumo do público em geral? É poesia? Autobiografia?
Se você respondeu sim mais de uma vez para a mesma pergunta, tem um problema. Editores têm alergia a originais que pretendem ser filosofia, lição de vida para os jovens, autobiografia e comentários sobre sua carreira de promotor público ao mesmo tempo. Eles acham, com sua experiência de mercado, que publicar um livro assim seria o equivalente a tentar convencer alguém a assistir um jogo de futebol em que houvesse intervalos para ópera, discussões sobre a situação econômica e gagues humorísticas.
Independentemente da qualidade de cada trecho em si, seria pouco provável que um mesmo espectador gostasse ou mesmo assistisse a tudo.
Assim, avalie a sua própria obra e reformule-a para ser apenas uma coisa: reminiscências OU análise profissional OU poesia OU romance.
Editores têm ainda uma alergia recorrente por trabalhos amadores. Ao escolher o gênero predominante de sua obra, dê preferência àquilo que conhece melhor. Se você não tem prática em produzir literatura, é muito mais provável que consiga escrever um bom comentário sobre a vida nos tribunais de São Paulo (após ter trabalhado em vários por vinte anos) do que uma história de detetive interessante para o público leitor.
Leve em consideração que alguns gêneros são absolutamente temerários. Poesia, por exemplo, só terá chance de publicação se você for uma pessoa já conhecida do meio cultural. Uma autobiografia, apenas no caso de você ser uma celebridade, ter tido experiências muito incomuns ou escrever como Machado de Assis.
Afie seu texto
Mesmo que você envie uma obra sobre o que domina para uma editora que publica aquele gênero, será sumariamente recusado se apresentar um calhamaço de quatrocentas páginas. Ninguém, nesses tempos de dinheiro curto, se arrisca a publicar um livrão (o que se traduz como caro) de um autor desconhecido.
Mesmo um ebook também custa para ser editado e revisado, ainda que não a impressão. Assim sendo, resuma, afie, corte. Separe o assunto em duas obras se for o caso. E considere contratar editores de texto profissionais para eliminar as repetições e incoerências que você não consegue enxergar, aumentando o impacto do que está querendo dizer.
É uma boa idéia testar seu trabalho com amigos, mas tenha a coragem de pedir apenas a opinião daqueles sinceros e com boa bagagem literária. Utilize as plataformas gratuitas se o seu público for jovem e seu material de ficção, lá são bons lugares para testar se o seu material provoca interesse.
Descubra uma editora possível
Após ter classificado ou adaptado a sua obra a um gênero existente no mercado, pesquise quais editoras o estão publicando. Para isto, não consulte apenas a sua própria biblioteca mas abale-se até uma livraria, visto que novas editoras surgem a cada mês.
Você pode também fazer essa pesquisa pela internet, mas precisa ser cuidadosa. Tenha o cuidado de notar o que foi feito mais recentemente, pois uma casa editorial com muitos anos no mercado pode ter publicado literatura brasileira na década de setenta e hoje só encarar informática. Veja também se se trata de uma editora de verdade e não uma prestadora de serviços.
Procure perceber ainda se a editora que publica o gênero de sua obra não têm uma ideologia muito diferente da sua. Por exemplo, uma editora religiosa católica não vai publicar um livro espírita mesmo que fale de Jesus o tempo inteiro. Uma editora liberal tampouco vai editar a biografia de um coronel do Nordeste, ainda que contenha passagens históricas fascinantes.
Se você for criterioso/a, deve chegar a não mais que cinco ou seis editoras possíveis para a sua obra no mercado brasileiro. Envie então, para cada uma delas, uma cópia de seu texto, impressa se não derem instruções diferentes, por arquivo se for isso o que o site da editora indicar.
Nos dois casos escreva uma carta bem curta descrevendo o gênero em que se encaixa, aquilo que a diferencia das outras no mesmo ramo e, no caso de uma obra técnica, as suas qualificações para dissertar sobre o assunto. Não esqueça de incluir seu nome, endereço e telefone na primeira página do original.
Padrinhos
Foi-se o tempo em que alguém apadrinhado era automaticamente publicado. Hoje, dados os custos de produção e o lucro apertado das editoras, você precisa ter produzido um material com alguma possibilidade de venda para ser seriamente considerado (a menos que seja casado/a com a/o dona/o da editora).
Utilize, por conseguinte, as referências de pessoas que tenham alguma ligação com o teor do seu trabalho – o parecer de um juiz se a sua obra for jurídica, por exemplo –, mas não perca tempo tentando impressionar a amante do primo da irmã do editor. Competência é o que fala mais alto.
Everton Saulo Silveira
24 de dezembro de 2017 @ 18:47
LAura,
Boa tarde. Estou com 2 livros para publicação. Atualmente Sou palestrante na área de vendas e PNL. Trabalhei no Sebrae Minas 08 anos como consultor de Marketing. Tenho um público de aproximadamente 6 a 10 mil pessoas participantes das minhas palestras por ano. E percebo que poderia lançar um livro para comercializar nessas palestras e para minha rede de seguidores. Tenho muito conteúdo escrito em forma de apostila. Inclusive o sebrae já comprou alguns direitos autorais meus. A minha dificuldade é adaptar tudo em forma de um livro e lançá-lo. Em relação a parte financeira não tenho dificuldade, mas quero que seja algo significativo. Você poderia me assessorar neste sentido? Realiza este tipo de assessoria?
Laura Bacellar
1 de setembro de 2018 @ 18:19
olá Everton,
você precisa procurar um ghostwriter. Já faz um tempo que fez essa pergunta, então não sei como anda seu projeto. Se quiser falar comigo, mande um email por favor.
[email protected]
Maria Augusta
28 de novembro de 2018 @ 21:16
Laura
Bom tarde, sou apenas uma adolescente de 14 anos, mais gosto muito de escrever histórias e sempre que as mostro pra alguém, a pessoa acaba me elogiando muito e queria saber se eu já posso publicar um livro , se vc tiver interesse também posso te mandar um a de minha histórias
Laura Bacellar
29 de novembro de 2018 @ 12:59
olá Maria Augusta,
eu fiz uma postagem sobre isso, por favor dê uma lida: https://www.escrevaseulivro.com.br/a-idade-dos-escritores/
um abraço e super boa sorte
Igor de Araújo Costa
6 de dezembro de 2018 @ 21:07
Boa noite Sra Bacellar. Sou fisioterapeuta com cerca de dez anos na área. Fiz algumas pós graduações na área e sempre trabalhei diretamente com o publico. Percebi através da rotina diária que poderia orientar alguns profissionais mais novos quanto a práticas de alongamento. Acabei fazendo algumas fotos com um boneco sob alongando e mandando aos amigos com a descrição do posicionamento. Com o tempo percebi que tinha uma biblioteca grande de exercícios armazenada no celular.
A partir daí as organizei e tirei novas fotos em estudio montando um guia de alongamento. A princípio era apenas um conteúdo para ter no celular, mas varios amigos me consultavam para disponibiliza-lo em alguma plataforma. Gostaria de saber como partir daqui para uma editora, ebook ou outra plataforma?
Laura Bacellar
7 de dezembro de 2018 @ 15:03
olá Igor,
depende muito de seu público. Tenho a impressão, pela minha experiência, que se vc for se dirigir a um público leigo ele vai preferir o livro impresso. Os profissionais de sua área talvez aceitem um ebook, aí é questão de perguntar um pouco.
Como vc já parece ter bons contatos, faça perguntas sobre formato e preço que seus colegas se disporiam a pagar. Se o seu círculo for grande, sugiro até que experimente levantar o dinheiro para a produção antes, por meio do Catarse ou similar.
Uma impressão cheia de fotos é cara, colorida mais ainda…
Preocupe-se também com a forma de vender. No seu caso me parece que o melhor é ir pelo caminho independente mesmo, mas monte um site ou blog ou página de face para divulgar. A gente ensina isso no nosso livro Marketing para autores, sugiro muito…
Igor de Araújo Costa
7 de dezembro de 2018 @ 15:47
Obrigado.
Já havia cogitado publica-lo de forma independente no decorrer das leituras do seu site.
Agradeço a ajuda e logo darei respostas sobre os rumos tomados.
Igor de Araújo Costa
20 de dezembro de 2018 @ 06:29
Bom dia Sra Bacellar.
Segui seus conselhos sobre publicação independente.
Pesquisei como publicar o livro fisico, mas os custos de um manual com fotos coloridas eram muito altos.
Então ontem publiquei como ebook no site da Amazon.com.br sem custos, com possibilidade de venda em varios paises através de 12 lojas internacionais.
Acima de tudo a sensação de ter algo publicado é muito bom, mesmo que não tenha retorno finaceiro só tive custos de tempo.
Segui passo a passo suas postagens e agradeço muito sua orientação.
Se possível gostaria de te mandar o link para a versão de leitura gratuita de avaliação.
MANUAL ORIENTADOR DE AUTOALONGAMENTOS.
Obrigado por fazer parte desta conquista.
Yara Badia
8 de janeiro de 2019 @ 12:44
Olá Laura, sou totalmente caloura na arte dos livros, embora ja tenha varias coisas escritas. De repente surgiu um infantil, daí resolvi publicar. Ele foi ilustrado e diagramado, está pronto para ser impresso e lidooooo….kkkk, assim espero.
Quem já teve a oportunidade de ler, achou publicável. Procurei aqui no site o que havia sobre infantis, e não encontrei nada. Bem gostaria de saber o melhor caminho a seguir. Você pode me ajudar?
Muito obrigada.
Laura Bacellar
22 de janeiro de 2019 @ 11:56
Yara,
o caminho dos infantis é o mesmo dos livros para adultos, vc precisa encontrar editoras que publiquem obras parecidas com a sua, na mesma vibração de ideias e conceitos. Aí enviar para análise conforme as instruções no site de cada uma.
Laura Bacellar
22 de janeiro de 2019 @ 11:59
fiz um vídeo sobre literatura infantil, dê uma olhada:
https://youtu.be/BGYhP3a16Jc