Jovens escritores
O interessante de manter um site como o Escreva seu livro no ar é que um monte de gente entra em contato comigo.
Alguns tipos me surpreendem uma barbaridade, mas o que tenho visto com mais freqüência são jovens com idéias variadas sobre publicar suas obras.
Fico muito sensibilizada de encontrar tantos moços e moças lendo e querendo escrever, criativos e sensíveis, com vontade de mostrar seu trabalho.
Mas ao mesmo tempo sinto um aperto no coração ao perceber que muitos não têm nem a pontinha do pé na realidade, estão viajando numa maionese gigante.
Eu não quero ser a ogra horrorosa que joga água fria nessa moçada, mas me sinto obrigada a dar sugestões que transformem toda essa energia criativa em projetos com alguma chance de serem realizados.
Já dei várias dicas que acho super relevantes a quem procura escrever no resto desse site, mas vou acrescentar algumas especialmente dirigidas a jovens.
Seja antes um/a leitor/a
Não existe escritor que não seja leitor. Todos, em qualquer época, seja de que país forem, leem ou leram muito. Para escrever, você precisa ler bastante.
Assim aprende como apresentar personagens, manter a trama tensa, jogar com o leitor para manter os olhos dessa pessoa que você não conhece presos na sua página. E os melhores professores de escrita são os escritores, aqueles que já fazem isso.
Mas tem um detalhe: é bem provável que você tenha sido torturado/a na escola, obrigado/a a ler livros clássicos, obrigatórios, para trabalhos. A escola é em geral um desastre para a leitura, tira qualquer prazer dessa atividade. Assim, para se tornar um/a escritor/a, você vai ter que se desprogramar e aprender a ler por prazer.
Como é isso?
Leia o que você gosta. Nada de listas de livros, nada de obras obrigatórias, fuja de gente que diz “você tem que ler isso!” Você não tem que ler nada de que não goste, que não atraia o seu olho, que não combine com você nesse momento.
Gibis? Leia muitos. Mangás? Se gosta, vá em frente. Ou melhor, vá atrás, que a leitura é de trás para diante. Histórias de vampiro? Divirta-se. Bestsellers trash? Mande ver. Bobagens mal traduzidas? Se você consegue entender, vá firme. Classicões? Siga seu faro. Autores famosos? Leia o que desperta seu interesse.
Ou seja, siga seu próprio caminho. A escrita não é uma atividade de rebanho, para seguidores, mas algo criativo. Você é quem tem que fazer sua rota, descobrir seu estilo, apurar seu gosto.
E o primeiro passo é sentir-se feliz lendo, não importa o quê. Ou melhor, lendo o que prende a sua atenção, que lhe dá prazer. Esqueça as críticas, as opiniões alheias e entre numa livraria ou num sebo com os sentidos alertas, em busca do que serve para você.
Escreva só sobre o que você conhece muito bem
Isso vale para escritores de qualquer idade, claro, mas é mais gritante em jovens. Não é possível alguém de quinze anos querer descrever as complicações de um casamento de personagens de trinta anos, não convence de jeito nenhum. Sim, você pode observar seus pais e familiares e deduzir o que se passa, mas na sua ficção (ou não ficção) precisa colocar isso do ponto de vista de um personagem da sua idade ou menos. Uma adolescente de quinze anos pode contar a crise de pais adultos sob a ótica de um personagem adolescente, mas não sob a ótica deles mesmos.
Isso vale para tudo. Não escreva sobre trabalho se você nunca trabalhou. Não fale de rotina 8 às 6 se você só ouviu falar disso, nunca experimentou na pele. Não ponha seus personagens em cidades ou bairros ou mesmo empresas que você não conhece. Escolha, ao contrário, o que você não só conhece, mas conhece muito bem.
Pense: não dá para ambientar seu romance de fantasia na sua escola ou universidade? Usar seus companheiros de futebol ou de passeios a shopping ou baladas para inspirar seus personagens? Seu primo mais velho, seu namorado? Quando você parte de algo que já vivenciou bastante, os diálogos, as roupas, o cenário, tudo sai de maneira verossímil. Mais ainda, se você tiver bom olho, sai de maneira original, interessante.
Fazer isso é reforçar uma qualidade essencial para editores, uma das razões para selecionar ou recusar uma obra: a credibilidade. Todo editor procura saber se a autora tem estofo para dizer o que diz, se sabe mais do que o público a respeito do tema de sua obra. Se a autora se mete a comentar leis, precisa ser advogada, juíza, promotora. Se resolve escrever um romance sobre velejadores, tem que mostrar que já velejou, freqüenta o meio, sabe do que está falando.
Senão o editor recusa. O mesmo acontece com você: precisa mostrar que tem autoridade para falar do que aborda na sua obra, mesmo que seja uma ficção.
Não copie, crie!
Cada vez que uma obra faz sucesso, as editoras recebem toneladas de cópias do bestseller, de autores desconhecidos mas esperançosos de alcançar a mesma projeção. Agora pare para pensar: você já viu uma cópia de um autor desconhecido fazer o mesmo sucesso que o original? Adianta alguém fazer aventuras de um bruxinho achando que var ter o próximo Harry Potter? (Ou vampiro ou dragão ou cachorro fofo?) Você compraria esse livro?
Pois é. Ninguém nunca sabe a razão de um sucesso repentino, há vários fatores – e muita sorte – contribuindo. Mas os editores têm certeza de que cópias não repetem o fenômeno. Então não perca seu tempo repetindo cenários, estilos e personagens já consagrados, crie algo totalmente diferente. Aproveitando o ensejo do que eu disse acima, crie algo BRASILEIRO.
Que tal um bruxinho brasileiro? Melhor ainda, um aprendiz de candomblé? Ou espiritismo? Que tal uma aventura ambientada no Rio de Janeiro ou no interior de Minas Gerais (um lugar que você conheça)? Que tal diálogos como os que você ouve e fala todos os dias? Que tal imaginar vampiros na sua escola em vez de soltos pelas ruas de Londres?
Eu garanto a você: sua chance de ter seu original aceito para publicação aumenta exponencialmente se você fizer algo diferente do que já existe e com cores daqui. Os editores procuram o que não foi feito ainda, não o que já foi feito e com sucesso.
Aprenda a se virar
Eu recebo emails de gente que só posso descrever como folgada: querem que eu ajude, ensine, critique, corrija, apresente para editoras e sei lá mais o que, grátis e rápido. Não só eu mas muitos colegas do meio recebem pedidos os mais esdrúxulos, de uma moçada sem noção do que é ter que trabalhar para viver. Não é todo mundo assim, mas tem muito, por isso comento aqui.
Tudo bem você sair atrás de ajuda, mas não tudo bem achar que o mundo vai se dobrar a seus pés só porque você teve uma idéia legal. Você tem que suar a camisa, aprender a fazer pelos seus próprios meios, descobrir recursos, inventar jeitos. É assim que as obras criativas se realizam, alguém correu atrás para que deixasse de ser apenas uma ideia.
A profissão de escritor/a não é obrigatória, quem entra nessa seara o faz porque quer. Se você deseja se expressar por escrito, aprenda os meios, se disponha a dar tempo e esforço e dinheiro em troca de seu aprendizado. A energia que você tem quando é jovem é algo precioso, que você pode colocar para funcionar a seu favor. Mas por favor aposente os modos de garotinho ou garotinha mimada, que acha que o papai vai dar tudo na sua boca…
Fale do que é importante para você
Se você acha que tem algo a dizer, então diga, oras. Mostre sua opinião, defenda suas causas, coloque no seu texto o fervor da sua paixão. Não tente fazer algo pasteurizado, cópia dos modelos de sucesso.
Ninguém sabe o que faz sucesso, ninguém mesmo. E não tenha medo de críticas, porque alguém sempre vai gostar e alguém sempre vai criticar. Faz parte.
Então, se você vai escrever alguma coisa, se arrisque e coloque ali o que é realmente seu, a sua contribuição para a cultura. Eu não sei se vai dar certo, nunca dá para garantir nada no meio dos livros, mas assim você trabalha pelo seu crescimento e pelo que tem espírito.
É mais bacana, dá mais prazer.
Boa sorte!
Kimberly Lorena Nunes Martins
18 de outubro de 2017 @ 21:24
Bom to escrevendo um pequeno livro com historia que aconteceram comigo durante meus 18 anos de vida .
Tem aver com com o universo jovem sobre o primeiro beijo ,amizades perdidas ,primeiro amor entre outros.
Alexandre barbosa do nascimento
26 de agosto de 2018 @ 21:33
Como se começa á escrever um livro e publicar por favor me ajudem a realizar um sonho meu
Laura Bacellar
1 de setembro de 2018 @ 18:22
Alexandre,
temos vários posts sobre isso, por favor confira:
https://www.escrevaseulivro.com.br/como-escrever-um-livro/
Alice Rodrigues
16 de setembro de 2020 @ 11:39
Estou escrevendo um livro mas não sei muito bem externar minhas ideias, sempre me foge as palavras
Maria
21 de outubro de 2019 @ 16:38
Por favor,
Necessito do auxilio de um@ escritor, para descrever a autobiografia da minha filha.
Contacto.
[email protected]
Igor
27 de novembro de 2019 @ 00:05
Olá Laura. Pelo que li, os comentários (especialmente dos mais jovens) continuam a mostrar pessoas com ideias de publicação/escrita de livros meio irreais, um tanto preguiçosas até! Cai de paraquedas no site, irei conferir assim que possível. Sobre a sugestão de que para escrever bem é preciso ser um bom leitor, eu concordo e tento segui-la diariamente. Escrever e compartilhar nossos textos com outras pessoas dispostas a trocar o mesmo ajuda.
Laura Bacellar
27 de novembro de 2019 @ 11:38
hehehe, não tanto preguiçosos como distantes da realidade…
Penha Menezes
12 de fevereiro de 2021 @ 16:08
Primeira vez aqui e já amei
Iamara Vieira
14 de março de 2021 @ 21:05
A escrita , o escrever a fuga da realidade presente em sua vida, para a realidade dentro si . A cada palavra, cada virgula há uma emoção uma situação … Descrever ou ate mesmo tentar através de palavras escritas e uma alegria para alma ,uma porta que se abre para você e por você.
Bia Souza
6 de abril de 2021 @ 19:38
D° Laura, tenho uma história , intelectualmente, pronta .
Gostaria d ter contato com um/uma jovem escritor p q , enfim, seja escrita.
Sou do RJ e moro na Praça Seca.
Marcela
27 de abril de 2021 @ 04:12
Literatura em geral é algo que amo, tenho varias historias que rodeiam a minha mente, já tentei de diversas formas escrever mais sempre fico empacada com algo, nenhuma das minhas historias tem um final e as vezes nem um começo, realmente não tenho ideia de como resolver isso o que me frustra bastante, depois de um tempo percebi que não levo jeito pra coisa, apesar de não ter desistido ainda de tornar minhas historias grandes obras literárias, mesmo sendo só um sonho de uma jovem adulta.
Laura Bacellar
3 de maio de 2021 @ 13:04
Tenha menos expectativas. Faça histórias para vc mesma, por prazer, sem querer publicar.
Allan Merlin
21 de agosto de 2021 @ 07:14
Olá! Tenho apenas 16 anos estou tentado criar um livro pois esse swmpre foi o meu sonho! Não quero pública ele não porém queria sabe que releitura de livro clássico infantil os passando para o público adolescente tá certo ou não