A escrita como profissão
No contato com inúmeros escritores, publicados ou desejosos de, percebo uma certa falta de compreensão do que precisam fazer para ter uma carreira na escrita.
Muitos pensam que precisam escrever bem e mais nada, que editoras e público vão se interessar e pronto.
Não é bem assim, lamento dizer.
Como trabalho com livros faz 30 anos, sugiro a seguir algumas atitudes que tenho visto funcionarem para escritores e escritoras de todos os gêneros, níveis de sofisticação e qualidade literária.
Ler muito
Não basta ler clássicos ou famosos ou da sua área técnica, é preciso ler com abrangência.
Quando se lê desde histórias de vampiros até os mais recentes experimentos culturais, passando pelos infantis e os de divulgação científica, ficamos com uma noção do que está sendo feito, publicado, gostado, ousado.
Esse sentimento do que é praticado pelos colegas autores dá uma noção de onde podemos ir mais longe, onde temos que nos conter, o que os leitores de hoje têm apreciado.
Entender as editoras e o mercado
Tem gente que associa a palavra mercado a lixo cultural e acha que estou sugerindo que escrevam romances ou autoajuda com perfil de bestsellers.
Não é isso.
O que vejo escritores profissionais fazendo é entender o que acontece na área em que escrevem. Para isso olham para as editoras de seu segmento e acompanham os acontecimentos.
Os que escrevem fantasia sabem quais são as editoras que publicam fantasia, os títulos que fizeram sucesso nos últimos ano, os autores que têm o que dizer.
Os acadêmicos sabem quais são as editoras acadêmicas abertas a novos autores, que investem na sua área, que divulgam os livros nas feiras, os assuntos que têm motivado polêmicas.
De novo, saber como o mercado se comporta ajuda a adotar uma postura de colaboração com o editor, de levar algo que o profissional do livro queira, procure, disponha-se a financiar.
E também ajuda a não entrar em totais roubadas de editoras que não são editoras, que querem vender serviços ilusórios tão-somente.
Criar maneiras de se comunicar com leitores
Livros são diálogos com os leitores. Esses leitores se manifestam pela internet hoje em dia, e chegar a eles é imprescindível para se ter uma carreira.
Blogues lidos, sites acessados, eventos populares são sinais para editores que o autor já fala com seu público. São também mecanismos de divulgar as obras publicadas e provocar sua leitura.
Não basta ser publicado, é preciso ser lido. E para isso nada melhor que um canal de comunicação aberto com os leitores potenciais e reais.
Participar ou criar redes de escritores
Sempre funciona melhor quando não estamos sozinhos, quando participamos de um movimento, um grupo, uma tendência.
Se o grupo não existe, sugiro que você crie um.
Poetas alternativos do Nordeste, jovens budistas, professores de biologia marinha, todo escritor pode fundar um grupo ou associar-se a pessoas com interesses semelhantes e juntos criarem maneiras de se divulgar, promover eventos e ser publicados.
Editores e leitores e a mídia prestam mais atenção a grupos que a indivíduos, aproveite que estamos numa era de comunicação fácil e organize-se.
Fazendo assim, você tem a chance de publicar não um mas vários livros, e que algum deles faça sucesso, talvez muito sucesso.
Edevaldo Antônio Andrade
2 de agosto de 2019 @ 17:16
Olá,gostaria de saber se existe profissionais que escrevem livros para autores:ou seja,eu faço o esboço do livro e esse profissional escreve com as correções devidas e palavras mais adequadas no contexto geral. Pois eu tenho a idéia mas não sou expert no assunto “escrever um livro”
Laura Bacellar
23 de agosto de 2019 @ 17:20
olá Edevaldo,
sim, existem os ghostwriters, veja aqui: https://www.youtube.com/watch?v=v9cR85cODAs&t=240s